A definição de Convergência nos dicionários é algo simples como “Disposição de elementos diversos que se dirigem para o mesmo ponto”. Esse conceito foi suficiente para explicar ocorrências da matemática, geometria, física e outras disciplinas. No entanto ganhou um aspecto muito maior a partir de 2005 quando o autor Henry Jenkins criou o conceito de Cultura da Convergência.
A partir do estudo de alguns programas de reallity show da TV americana, o escritor mapeou alguns comportamentos do público ao interagir com as produções. Basicamente ele encontrou três fenômenos distintos interligados entre si:
- o uso complementar de diferentes mídias,
- a produção cultural participativa,
- a inteligência coletiva.
Na ocasião de lançamento do livro, Jenkins afirmou que “Cultura da Convergência é o termo que define mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura”. Com isso ele pretendia demonstrar que a circulação de conteúdos produzidos por indivíduos através de diferentes mídias estava acontecendo de maneira fluída e natural. Dessa forma, simultaneamente também foi cunhado o conceito de Transmídia, que é a circulação de conteúdos se moldando a cada um dos diversos canais por onde flui.
Ler este conceito em 2020 parece algo banal e óbvio. Por isso é importante lembrar que, em 2006 quando o livro foi escrito, ainda não existiam smartphones, já que o primeiro iPhone foi lançado somente em 2007. Se por um lado isso confere um viés de futurologia por parte do autor, por outro deixa claro que ele desenvolveu os estudos e pesquisas de forma totalmente imparcial. O que presenciamos a partir de 2010, com a popularização dos smartphones, foi um crescimento exponencial do fenômeno da Convergência.
Convergência tecnológica e smartphones
Atualmente já nos parece totalmente natural utilizar nossos smartphones para as mais variadas atividades cotidianas que anteriormente requeriam equipamentos, canais de comunicação, protocolos e padrões independentes. Ou seja, temos o conceito absoluto de Convergência em nossas mãos e sequer nos damos conta.
Nossos dispositivos móveis misturam funções de computador, telefone, calendário, agenda, bloco de anotações, câmera, player de música, plataforma de filmes, rádio, jogos eletrônicos, mensageiros instantâneos, monitores de saúde e tantas outras possibilidades de interação, produção e acesso a conteúdo. Tudo isso everytime & everywhere.
Hoje parece muito claro que o ponto central da Convergência são os smartphones, mas a verdade é que ainda estamos vivenciando um período de grandes mutações, experimentando diversas formas inovadoras de interação entre as pessoas e seus gadgets multifuncionais. O conceito de Internet das Coisas ainda vai extrapolar a definição e Convergência que temos hoje.
Aplicação da Convergência
Para efeitos práticos importa dizer que a Convergência precisa ser entendida para que a presença nas mídias digitais e sociais seja bem planejada, implantada e gerenciada. Uma vez que a Convergência pode se dar tanto sobre dispositivos quanto sobre plataformas é fundamental compreender toda esta miríade de aplicações a fim de desenvolver uma Presença Digital eficiente, relevante e próxima do público com o qual se deseja comunicar.
Levando em conta os três fatores mapeados por Henry Jenkins, um dos pontos mais importantes quando se trata de Transmídia e Convergência é incentivar a sua audiência a participar e interagir com seus conteúdos. Isso significa ser atuante nos canais digitais, publicando artigos e vídeos, gravando Lives e Webinars, promovendo enquetes, produzindo eBooks e tantas outras formas de distribuir seu capital intelectual. Ao praticar essas ações permitindo a fluidez entre os canais digitais e valorizando as interações do público, será possível construir uma comunidade em torno de seu conteúdo.
Desafios para implementação da Convergência
Quando Jenkins formulou o conceito de Cultura da Convergência ele estudou e pesquisou tão somente alguns reality shows da TV, os quais permitiam votações por telefone. Em paralelo às interações oficiais, os fãs dos programas se organizavam em grupos e trocavam opiniões e especulações através de grupos de discussão por e-mail.
Como já discorremos acima, as plataformas e os canais digitais se multiplicaram intensamente nos últimos 10 anos, portanto o desafio da Convergência Digital não é mais o de se produzir plataformas convergentes, afinal elas já estão ai aos milhares. O desafio agora passa a ser o de alimentar esses canais e seus consumidores de conteúdo com materiais úteis e relevantes. Planejar, produzir, distribuir e promover conteúdo não é nem um pouco fácil como nessa Era de Transformação Digital. Em algumas de minhas consultorias já tive de ouvir o cliente dizer “…você não vai me pedir pra começar a escrever artigos e gravar vídeos, né?”.
A Cultura da Convergência baseada nos dispositivos móveis e nas tecnologias transformadoras criou uma geração de consumidores que exigem boas experiências em suas relações de compra e utilização dos produtos e serviços. O próprio processo de compra se tornou muito mais complexo com a utilização massiva das mídias digitais, a ponto de ser criado o conceito de ZMOT que explica os novos comportamentos.
Entender e praticar tudo isso se tornou imprescindível para uma empresa conquistar compradores para seus produtos e serviços. Como você tem buscado aprender sobre todas essas inovações? Lembre-se que agora sua concorrência está a 1 clique de distância!