Inovação é um conceito intrínseco da transformação digital que aportou no mercado jurídico. Esse termo se transformou em um mantra para empresas modernas, sobretudo aquelas focadas em alta escalabilidade, as famosas startups.
Inovação é o processo organizável e gerenciável onde uma ideia é comunicada de forma intuitiva e executada de maneira eficaz para lidar com um problema específico a fim de produzir um resultado produtivo e ser adotado em grande escala gerando valor ao cliente e vantagem competitiva à empresa.
Principais tipos de Inovação
No entanto uma única definição não abarca todo o sentido de um conceito tão complexo. Portanto é útil desmembrar o assunto em instâncias mais elementares. Nesse caminho, vale explorar os tipos de inovação mais comuns citadas por especialistas que já se dedicaram ao assunto. Podemos elencar:
- Inovação Incremental: diz respeito a pequenas melhorias em processos existentes que promovem alguma redução de custo ou tempo de execução.
- Inovação Exploratória: envolve construir uma visão de futuro para a empresa ou organização, por meio de projeção de cenários e estratégias;
- Inovação Radical: cria uma ideia ou produto inteiramente novo, mas não muda o mercado ou a maneira como as pessoas se comportam;
- Inovação Transformacional: ela muda a base tecnológica ou de competitividade de um mercado e vai forçando pouco a pouco a mudança de um produto ou serviço oferecido;
- Inovação Disruptiva: modifica severamente toda a Cadeia de Valor do segmento de mercado e causa forte impacto sobre cultura, usos e costumes em toda a sociedade.
Mais do que um conceito que se desenrola em uma série de práticas, a inovação se tornou tão premente para os negócios digitais que foi criado um verdadeiro ecossistema em torno dessa ideia. Faz sentido chamar de ecossistema, pois vai muito além das empresas propriamente ditas. Também fazem parte desse cenário os grupos investidores, incubadoras, aceleradoras, universidades, centros de P&D, associações e até governos.
Muitas das startups participantes do mercado jurídico são de tecnologia digital e automação, mas existem outras vertentes. Apesar de ter se iniciado há pouco tempo, esse ecossistema se encontra em estágio de elevada maturidade.
As LegalTechs e LawTechs entram em cena
O segmento já conta com softwares jurídicos há mais de uma década. Mas o Direito 4.0 trouxe os modelos de negócios focados em inovação e conhecidos como startups. E nessa seara adquiriram um nome exclusivo: LegalTechs ou LawTechs. Em tese não há nenhuma diferenciação conceitual entre ambos os termos.
Pode-se definir LegalTech como uma startup com modelo de negócios escalável e inovador, que desenvolve produtos e serviços para o universo jurídico, criando e entregando soluções de base tecnológica com o intuito de melhorar o setor.
Vale ressaltar que estes produtos e serviços não são meramente programas genéricos adaptados. Configuram-se softwares e ferramentas criados exclusivamente para o mercado jurídico. Consoante a essas premissas, o foco das LegalTechs consiste em identificar demandas, deficiências e dificuldades tanto do universo jurídico quanto das esferas do judiciário.
Entidades relevantes para organizar o setor
Esse movimento vem se expandindo rapidamente no mundo inteiro. Não cabe comparar os números em termos de volume de empresas e de faturamento, pois Estados Unidos e Europa são realidades muito distintas. No entanto o mercado nacional já vem se organizando em torno do assunto através de entidades como a AB2L – Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs. A entidade, que tem como missão apoiar o desenvolvimento de empresas, fomentar o crescimento do setor e estimular as melhores práticas profissionais, já contabiliza mais de 200 startups jurídicas em operação.
Segundo a AB2L, as LegalTechs no Brasil são divididas em:
- Analytics e Jurimetria – Plataformas de análise e compilação de dados e jurimetria.
- Automação e Gestão de Documentos – Softwares de automação de documentos jurídicos e gestão do ciclo de vida de contratos e processos.
- Compliance – Empresas que oferecem o conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e e políticas estabelecidas para as atividades da instituição.
- Conteúdo Jurídico, Educação e Consultoria – Portais de informação, legislação, notícias e demais empresas de consultoria com serviços desde segurança de informação a assessoria tributária.
- Extração e monitoramento de dados públicos – Monitoramento e gestão de informações públicas como publicações, andamentos processuais, legislação e documentos cartorários.
- Gestão – Escritórios e Departamentos Jurídicos – Soluções de gestão de informações para escritórios e departamentos jurídicos.
- IA – Setor Público – Soluções de Inteligência Artificial para tribunais e poder público.
- Redes de Profissionais – Redes de conexão entre profissionais do direito, que permitem a pessoas e empresas encontrarem advogados em todo o Brasil.
- Regtech – Soluções tecnológicas para resolver problemas gerados pelas exigências de regulamentação.
- Resolução de conflitos online – Empresas dedicadas à resolução online de conflitos por formas alternativas ao processo judicial como mediação, arbitragem e negociação de acordos.
- Taxtech – Plataformas que oferecem tecnologias e soluções para todos os seus desafios tributários.
- Civic Tech – Tecnologia para melhorar o relacionamento entre pessoas e instituições, dando mais voz para participar das decisões ou melhorar a prestação de serviços.
- Real Estate Tech – Aplicação da tecnologia da informação através de plataformas voltadas ao mercado imobiliário e cartorário.
Outra entidade que se dedica ao movimento das Startups, o Distrito, publica reports periódicos e elaborou o relatório LegalTech Mining Report, um raio X muito detalhado sobre este segmento. Recentemente a própria OAB Seccional São Paulo inaugurou um MarketPlace de LegalTechs que fornece exposição às startups jurídicas validadas pela entidade. Esse ecossistema só tende a crescer nos próximos anos e muita inovação ainda será trazida ao mercado pelas LegalTechs.