No início da minha carreira eu trabalhei como designer. Então eu fiquei um tanto confuso quando este livro foi lançado com a premissa de usar a mentalidade do design para modelar negócios e tocar projetos de inovação. Na época eu até já conhecia a IDEO fundada por David Kelley, mas ela era tão somente uma empresa de design. Minha confusão se tornou ainda maior, então decidi ler a obra de Tim Brown para entender do que se tratava aquela abordagem.
Logo nos primeiros capítulos já compreendi de que o conceito de design organizacional ia muito além do que eu imaginava. E fazia muito sentido para mim, afinal em 2010 eu já atuava como consultor em um escritório de advocacia, portanto já lidava com a visão de negócios e de inovação.
Design Thinking trata basicamente de se apropriar da maneira de pensar e criar típica dos designers, ou seja fazendo muitos e muitos testes com linguagem e elementos visuais. Obviamente quem não é designer talvez não entenda essa premissa, então explico usando um exemplo de processo que eu utilizava par criar um logotipo. A partir do briefing fornecido pelo cliente eu extraía o conceito essencial que a marca deveria transmitir e listava ideias de elementos visuais que tivessem relação com aquela essência. A partir daí levava dias e dias fazendo infinitos testes com ícones, símbolos, letras e figuras geométricas até chegar a uma composição do logotipo.
Três termos que resumem um processo de design: testes e protótipos com elementos visuais. O design utiliza recursos gráficos para pensar e planejar. Antes de gerar produtos como logotipos, interfaces e identidades visuais, o design gráfico trabalha com rascunhos, sketches, esboços e layouts. Ou seja, a criatividade e a experimentação gráfica são a base primordial na proposição de soluções. A partir daqui os consultores da IDEO tiveram a sacada de levar esse processo para as corporações de forma mais orgânica e com foco na facilidade de uso do cliente final.
Então o livro Design Thinking se revela uma cartilha bem detalhada sobre como utilizar esses conceito, recursos e métodos para desenvolver modelos de negócios focados em inovação. Claro que eu tive certa facilidade em assimilar o método, pois já havia passado boa parte da minha vida sendo designer. Mas o roteiro escrito por Tim Brown é realmente leve, objetivo e fácil de seguir.
Mas este portal tem como audiência Advogadas e Advogados, então por que o livro Design Thinking é relevante? Em tempos onde a Advocacia 4.0 vem com um leque de novas tendências para o mercado jurídico, essa obra é totalmente relevante. Tanto que uma nova disciplina dessa nova era do Direito – Legal Design – foi totalmente baseada no conceito de Design Thinking e se caracteriza por uma série de desdobramentos. As práticas de Visual Law tem como premissa master facilitar a experiência do usuário da Lei.
Seja para implementar Legal Design no cotidiano da advocacia, seja para buscar diferenciais inovadores no modelo de negócios do escritório, definitivamente Design Thinking é uma ferramenta que se torna muito útil aos operadores do Direito.
Ficha Técnica
• Editora: Alta Books
• Autores: Tim Brown (Autor)
• Páginas: 304
• Ano de Publicação: 2009
• Sinopse Oficial:
Este não é um livro de designers para designers, mas um guia para líderes criativos que buscam propor o design thinking – uma abordagem para a solução criativa de problemas – em todas as facetas de suas organizações, produtos ou serviços para descobrir novas alternativas para os negócios e para a sociedade como um todo. Escrito com imaginação, humor e visão, esta fundamental e inspiradora obra é uma leitura essencial para qualquer pessoa diante dos desafios de hoje para criar as oportunidades de amanhã.
• Sumário:
Parte 1 – O que é Design Thinking
01 Saindo da zona de conforto
02 Convertendo necessidade em demanda
03 Uma matriz mental
04 Construindo para pensar
05 De volta à superfície
06 Divulgando a mensagem
Parte 2 – E agora, para onde vamos
07 O encontro entre o design thinking e a corporação
08 O novo contrato social
09 O ativismo no design
10 Design de amanhã… hoje
Estudos de caso do Projeto IDEO