Transformação Digital

Transformação Digital tem sido um dos termos mais discutidos nos últimos cinco anos. Seja em ambientes corporativos, acadêmicos ou jornalísticos; o assunto se tornou urgente em quase todos os segmentos de mercado. Mas será que esse tema realmente é relevante? Ou seria mais uma palavra da moda para vender livros e cursos? Afinal, qual é  o motivo de tanto alarde?

É bem verdade que empresas e entidades constantemente forjam novas nomenclaturas e rótulos para conceitos, métodos, processos, tecnologias e práticas. De fato, a maioria deles representa modismos passageiros muito específicos de algum nicho. Porém, a Transformação Digital definitivamente não se enquadra nessa categoria de buzzwords.

Até o momento ela tem servido de nome a uma nova Era na qual estamos adentrando. Outros termos também estão sendo utilizados para tentar defini-la, tais como Era Exponencial, Revolução Digital, Era Pós-Digital, Indústria 4.0 e outras mais. Talvez nenhum desses nomes seja mantido daqui a alguns anos, afinal o movimento todo mal começou e estamos no “olho do furacão”. Então este é o nome mais representativo no momento.

O que não é Transformação Digital

Uma vez que se trata de um conjunto de mudanças em grande escala e por estar em seus estágios iniciais, é difícil definir a Transformação Digital. Por isso, antes de explorar mais a fundo os conceitos que a compõe, é importante compreender o que ela NÃO é.

• Transformação Digital NÃO é colocar a empresa nas redes sociais;
• Transformação Digital NÃO é ter um site;
• Transformação Digital NÃO é comprar um software;
• Transformação Digital NÃO é colocar as informações em planilhas;
• Transformação Digital NÃO é usar novas tecnologias.

Esse último aspecto é importante: tecnologia é o combustível desse foguete, mas não é o foguete propriamente dito. Ela representa uma transformação estrutural, mas não a transformação cultural e processual necessárias à digitalização propriamente dita. Portanto as tecnologias são importantíssimas, pois fazem o negócio todo se movimentar, mas Transformação digital não é somente sobre tecnologias.

Olhando para o contexto histórico a fim de entender a Transformação Digital

Ninguém questiona o fato de que o ser humano evolui com impulsos de transformação, tanto que a disciplina de História é dividida em Períodos que representam características cruciais daquelas épocas. Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea são os períodos definidos a partir de diversas características comuns que ocorriam em grande parte do mundo mais ou menos ao mesmo tempo.

Mas se o mundo e as organizações humanas desde sempre avançaram movidas a rupturas sociais, econômicas e tecnológicas no status quo, por que agora seria diferente? Agora é diferente porque é exponencial. Atinge todas as áreas da sociedade no mundo inteiro ao mesmo tempo e com um ritmo muito mais acelerado. Não acredita? Confira na tabela abaixo o tempo que cada tecnologia levou para alcançar 50 milhões de usuários.

• Avião: 64 anos;
• Automóvel: 62 anos;
• Telefone: 50 anos;
• Eletricidade: 46 anos;
• Cartão de crédito: 28 anos;
• Televisão: 22 anos;
• Caixa eletrônico: 18 anos;
• Computador: 14 anos;
• Celular: 12 anos;
• Internet: 7 anos;
• Facebook: 4 anos;
• WeChat: 1 ano;
• TikTok: 6 meses
• ChatGPT: 3 meses
• Thread-Instagram: 1 dia

Os fatores para esse fenômeno são diversos: alta disponibilidade de banda larga, elevado número de smartphones em uso, uso intenso da internet por gerações mais novas e a velocidade da comunicação que nunca foi tão rápida em toda a História.

Outro número que demonstra a magnitude desses novos tempos é o volume de produção de conteúdo: em um mês se produz e se publica mais informação do que em toda a história até o fim do século XX. Estes dados definitivamente comprovam o quanto essa nova Era é mais acelerada do que as demais.

Relação com a 4ª Revolução Industrial

Entretanto voltemos ao contexto histórico que nos permite entender o conceito e a amplitude da Transformação Digital. O autor Klaus Schwab se tornou a principal referência nesse assunto quando publicou o livro A Quarta Revolução Industrial, em 2016. Em tese a 4º Revolução Industrial é um dos fatores constituintes da Transformação Digital, porém alguns estudiosos consideram ambos como sinônimos. Então, relembrar os períodos anteriores se mostra um bom exercício para entender como chegamos até aqui, afinal existem padrões claros.

O quadro resumido mostra a principal tecnologia de cada época e a energia propulsora relativa. Embora existam fontes de energia e tecnologias predominantes, o fato é que elas conviveram simultaneamente ao longo de muitos anos. Isso significa que não houve uma grande ruptura de uma fase da Revolução Industrial para a próxima, apenas aprimoramento e aperfeiçoamento dos recursos de forma gradual.

Portanto essa é a grande diferença para a 4ª Revolução Industrial, que chegou impactando mais frentes em maior escala e em menos tempo. O destaque aqui neste ponto é entender o porquê de tantas áreas com a versão 4.0 que estamos presenciando atualmente. Tudo está relacionado à Indústria 4.0 que é um dos alicerces da Transformação Digital.

Como já foi dito, estamos no vórtice disso tudo, portanto não é possível ainda cravar datas específicas para início dessa nova Era. No entanto temos alguns parâmetros claros. A informatização, que se iniciou em meados do século XX e ganhou escala exponencial na década de 1990 gerou o ambiente e as bases tecnológicas.

Podemos definir um marco significativo da Transformação Digital como o ano de 2007. Nele aconteceu o despontar de diversos serviços e tecnologias relevantes, tais como o primeiro iPhone, desenvolvimento do Android, abertura do Facebook ao público, estreia da TV digital no Brasil, tecnologia celular 3G, compra do YouTube pelo Google, popularização do Twitter, do PayPal e do AirBnB. Todos eles são pontos de inflexão inquestionáveis na origem da Transformação Digital.

O que é Transformação Digital

Dada a dimensão em que ela surge e se aplica, não existe uma definição exata para Transformação Digital. Para compreendê-la se faz necessário lançar luz sobre diversos aspectos que a compõe. Resumidamente pode-se chamar de um conjunto de ações estruturantes que entidades e empresas precisam adotar para adequar seus modelos de negócio e relacionamento com clientes para além do offline. E por consequência mudar cultura, tecnologia, canais e processos internos.

Trata-se do processo de mudar algo usando ferramentas digitais e mudanças culturais para melhorar ou substituir o que existia antes a fim de enriquecer a experiência do cliente, melhorar o desempenho de negócios e garantir melhores resultados.

Não é um serviço, ferramenta ou tecnologia específica. É um processo que tem início, mas não terá fim, pois a jornada de inovação deve ser contínua. Também não é um departamento da empresa, é uma estratégia de longo prazo, cujo objetivo deve ser se adaptar à mudança antes que o mercado faça essa exigência.

Sendo assim, é imprescindível estabelecer uma cultura de inovação contínua e permanente para que todos trabalhem em conjunto na geração de melhorias. A transformação digital é, portanto, consequência das mudanças ocorridas na sociedade, e não causa.

O que a Transformação Digital faz?

Uma vez que a Transformação Digital se refere aos processos de mudar situações usando ferramentas digitais e mudanças culturais, ela tem como função proporcionar benefícios às empresas, entidades e profissionais que a coloquem em prática. Vejamos a seguir os principais benefícios:

• Digitalizar os processos operacionais e de gestão;
• Alterar como a empresa se posiciona, como se comunica, os diferenciais que apresenta e sua presença digital;
• Criar uma melhor experiência de trabalho para os colaboradores, tornando-os mais engajados, comprometidos e produtivos;
• Criar uma melhor experiência aos consumidores da empresa ou da marca desde a jornada de compra até o uso dos produtos e serviços;
• Tornar a comunicação mais rápida e eficaz,
• Integrar setores, tornando as equipes mais sintonizadas e colaborativas;
• Automatizar processos e diminuir a burocratização;
• Favorecer as tomadas de decisão através do suporte com dados;
• Facilitar a análise de desempenho graças às ferramentas de gestão modernas;
• Otimizar a produtividade e gerar mais competitividade.

Como iniciar a Transformação Digital?

O primeiríssimo passo é a mudança de mentalidade. Empresários, gestores e empreendedores precisam renunciar ao atual modus operandi e abrir a mente para as inovações sociais, processuais e tecnológicas.

“Se tomar a pílula azul a história acaba, e você acordará na sua cama acreditando no que quiser acreditar. Se tomar a pílula vermelha ficará no País das Maravilhas e eu te mostrarei até onde vai a toca do coelho.” – Morpheus – Matrix

Não importa o tamanho do seu escritório, a mudança de mentalidade tem que acontecer de ponta a ponta, top down e bottom up. Em algumas situações o mais difícil de mudar serão os próprios sócios, afeiçoados aos modelos que utilizaram quando da criação do negócio. Em outras situações, sobretudo em empresas com mais de 50 colaboradores, estes poderão colocar resistência às mudanças. Seja para partir do zero ou recriar uma Cultura Organizacional, a tarefa exigirá tempo e paciência.

“A Cultura come a estratégia no café da manhã” – Peter Drucker

Diante dessa realidade ímpar, advogados e gestores vivem um clima de ansiedade e preocupação sobre quando e como implantar procedimentos de digitalização em seus escritórios. Alguns até se perguntam se realmente necessitam aderir ao Direito 4.0 ou se tudo não passa de mais um modismo imposto pelos marqueteiros para vender mais livros e cursos. Enfim, paria no ar a questão sobre quem deve se mobilizar com a Transformação Digital e promover inovações e mudanças.

A jornada de Transformação Digital

Ainda que a digitalização seja mandatória para todos, não quer dizer que a implantação aconteça da mesma forma para bancas grandes e pequenas. Embora exista uma pressão pela mudança promovida pela imprensa e pelas empresas de tecnologia, a realidade é que nem todos conseguem acompanhar esse ritmo alucinante. E nem devem.

No processo de Transformação Digital a direção é mais importante do que a velocidade. Então cada escritório deve encontrar o seu ritmo para tocar esses processos. O que não pode é ficar de fora “olhando o bonde passar”.

O maior desafio se coloca para os advogados autônomos e escritórios de pequeno porte, os quais mesmo adquirindo a consciência da mudança, por vezes não possuem recursos financeiros, humanos ou informacionais para executar. A boa notícia é que atualmente a informação de qualidade está disponível em diversos canais digitais, como este Portal. Da mesma forma a tecnologia vem se tornando cada vez mais acessível.

A Transformação Digital é uma completa mudança de paradigma sobre como criar e gerenciar um negócio, tendo como foco primordial a experiência e o propósito das pessoas, sejam consumidores ou colaboradores. Portanto não é simplesmente “virar a chave” para o digital, trata-se de um processo no qual se consolida uma nova cultura organizacional e se implementa tecnologias transformadoras num ambiente de incertezas.

A jornada de digitalização como propósito do Portal

Confirmando que não se trata de um modismo, a Transformação Digital dispõe de métodos para ser implantada nos escritórios de qualquer porte. Entretanto, antes do método, se faz necessário construir uma cultura voltada à mudança e à inovação. E o primeiro passo definitivamente é se informar, como você está fazendo aqui e agora.

O objetivo do Portal  Direito na Era Digital é justamente levar informação e capacitação a Advogadas e Advogados que buscam a Transformação Digital de seus escritórios. Tudo isso aqui exposto significa meramente a ignição para o Direito 4.0. Seja bem-vindo a essa nova Era e prepare-se para muitas mudanças pessoais e profissionais!

Alguns números da Transformação Digital