Livro | A Quarta Revolução Industrial – Resenha
Uma das minhas metas em 2020 era dedicar boa parte do meu tempo a pesquisar e estudar sobre Transformação Digital. Em menos de dois meses eu achei que a meta tinha ido por água abaixo: a pandemia de covid parou tudo. Mal sabia eu que na verdade era o inverso. A pandemia forçou um avanço tecnológico de cerca de cinco anos. Pode parecer pouco tempo, mas pense em quantas novidades estamos vendo aparecer a cada semana. Parafraseando o Prof. Silvio Meira, “a pandemia foi um catalisador de futuro”. Ou seja, ela acelerou ainda mais a Quarta Revolução Industrial, também chamada de Transformação Digital.
Dentre tantos livros que li naquele ano, este de Klaus Schwab foi um dos mais simples e ao mesmo tempo mais abrangentes e inspiradores. O autor dividiu a obra em três grandes partes, sendo a primeira sobre os impulsionadores da nova Revolução Industrial, a segunda sobre os impactos e um Apêndice listando a mudança profunda que está sendo causada por diversas tecnologias transformadoras.
Partes do Livro
A abertura do livro se foca em definir o que é uma revolução: quando novas tecnologias e novas formas de perceber o mundo desencadeiam alterações profundas nas estruturas sociais e sistemas econômicos. E frisa ainda que a 4ª Revolução Industrial é a que promove processos de digitalização embasados em automação e escalabilidade.
A automação na indústria já vem acontecendo há décadas, mas a diferença para essa nova revolução industrial é que os sistemas automatizados do passado eram fechados e controlavam individualmente cada processo de uma instalação. Já os novos sistemas de automação são abertos com capacidade de abranger mais processos e, com isso, otimizar o funcionamento de toda a planta.
Como tudo nesse mundo digital está interconectado, obviamente esse conceito transcendeu a indústria e hoje temos processos de digitalização e automação até em serviços, dando maior velocidade nesses processos, aumentando a produtividade e reduzindo os erros.
Os Impulsionadores da 4ª Revolução Industrial
Ao desenrolar os Impulsionadores da 4ª Revolução Industrial o autor destaca as Megatendências típicas da Transformação Digital. A diferença entre tendências e megatendências se dá na dimensão em que elas se aplicam: enquanto tendências são mais específicas a um segmento, local, situação, etc; as megatendências são mais amplas e promovem alguma transformação sociocultural e econômica muito mais profunda por um período mais longo e em quase todo o planeta simultaneamente. As megatendências essencialmente representam a capacidade de disseminação da digitalização, portanto geralmente são interconectadas e interdependentes. Klaus Schwab ainda classifica as megatendências em categorias Física, Digital e Biológica.
Dessa maneira os pilares fundamentais da Revolução 4.0 são a Velocidade, a Amplitude (todas as áreas) e a Profundidade (ao mesmo tempo). Tais efeitos provocam efeitos profundos na Economia (aumento de produtividade, consumo sustentável e novas regras de competitividade) e no mercado de trabalho (novas competências e habilidades emocionais, automação intensa e eliminação de diversas funções concomitante à criação de novas profissões).
Os impactos da quarta revolução industrial
Uma propriedade marcante da Transformação Digital é colocar o consumidor no centro da Economia Digital. A valorização da experiência de compra e consumo promove o conceito de customer centricity. As tecnologias digitais impulsionadas por dados proporcionam a criação de novas segmentações psico-sociográficas e comportamentais.
Um assunto interessante que já vinha sendo tratado por diversos autores e aqui recebe um merecido destaque é a inovação contínua. Além de ganhar novos métodos e ferramentas ainda se expande em suas formas estratégicas de aplicação, podendo ser colaborativas entre parceiros (co-criação) e entre concorrentes (coopetição).
Esses conceitos moldam a essência da Economia Compartilhada e embasam serviços como Ubber, AirBnB. Também apoiam novos modelos de negócios estruturados em plataformas de grande amplitude como as redes sociais e os serviços de streaming. No entanto os modelos de negócios de plataforma não se restringem a essas BigTechs e podem ser aplicados em negócios de alcance segmentado e que desenvolva um ecossistema de criação de valor fluido.
Inovação e a tecnologia para a criação do futuro
Ao final o autor faz suas previsões de como a quarta revolução industrial vai impactar os governos e as cidades, transformando-as em SmartCities. Com isso ele expande as reflexões para a participação da sociedade como um todo, das comunidades em menor escala e na individualização e pertencimento dos cidadãos, os quais devem participar ativamente de ecossistemas de inovação. No apêndice das mudanças profundas ela posiciona as diversas tecnologias transformadoras no gráfico Hype-Cycle do Gartner.
Mesmo agora em 2023, nem todas as indústrias estão no mesmo ponto de ruptura, mas todas passarão pela curva de transformação. As fases anteriores das revoluções Industriais ainda sequer chegaram a alguns países subdesenvolvidos. Ainda assim a Transformação Digital causará impacto nessas populações. Portanto é imprescindível garantir que nenhum país fique para trás a fim de evitar o aumento do desnível econômico e os riscos de instabilidade socioeconômica.
// DADOS DO LIVRO
• Editora: Edipro
• Autor: Klaus Schwab
• Páginas: 160
• Ano de Publicação: 2016
• Sumário:
Capítulo 1 – A quarta revolução industrial
— 1.1. Contexto histórico
— 1.2. Mudança sistemática e profunda
Capítulo 2 – Impulsionadores
— 2.1. Megatendências
— 2.1.1. Categoria física
— 2.1.2. Categoria digital
— 2.1.3. Biológica
— 2.2. Pontos de inflexão
Capítulo 3 – Impactos
— 3.1. Economia
— 3.1.1. Crescimento
— 3.1.2. Emprego
— 3.1.3. A natureza do trabalho
— 3.2. Negócios
— 3.2.1. As expectativas dos consumidores
— 3.2.2. Produtos inteligentes
— 3.2.3. Inovação colaborativa
— 3.2.4. Novos modelos operacionais
— 3.3. Nacional e global
— 3.3.1. Governos
— 3.3.2. Países, regiões e cidades
— 3.3.3. Segurança internacional
— 3.4. Sociedade
— 3.4.1. A desigualdade e a classe média
— 3.4.2. Comunidade
— 3.5. O indivíduo
— 3.5.1. Identidade, moralidade e ética
— 3.5.3. Gerenciamento de informações públicas e privadas
Apêndice: A Mudança Profunda
Autor
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