Personal Brand: Construção da Marca Pessoal na Advocacia
O termo “Personal Brand” se refere à marca pessoal ou profissional que uma pessoa constrói em torno de si mesma. É a maneira como ela se mostra para o mundo, e engloba suas características, habilidades, competências, elementos da personalidade, valores, etc. A comunicação de uma identidade profissional tem sido sinônimo de desafios para muitos, e os profissionais do Direito estão incluídos nessa realidade.
As redes sociais assumiram a posição central das interações no geral, ressignificando a forma de conexão entre as pessoas, tornando a presença digital mais do que uma opção.
Instaurou-se um fenômeno em que as redes deixaram de ser uma simples ferramenta para incorporar a identidade pessoal e profissional das pessoas. Logo, se o indivíduo não está no instagram, por exemplo, é como se ele não existisse. Ao considerar a contratação de alguém, dentre as possibilidades, a maioria dos recrutadores começa por explorar os perfis online dos profissionais como o primeiro passo.
A utilização das redes sociais transcende a mera visibilidade, impactando a construção e consolidação da personal brand. No entanto, ainda que exista essa consciência por parte dos advogados, ainda assim persiste uma grande resistência à ideia de desenvolver uma presença marcante e distintiva no mercado de trabalho mediante as redes sociais. Este artigo instiga uma reflexão sobre as justificativas da hesitação e receio persistente entre os advogados em relação à construção de uma marca pessoal.
Tradição, Conservadorismo e a Falta de Expertise em Marketing
É impossível ignorar a transição “interdimensional” que o profissional do Direito teve que se submeter nos últimos anos. Para uma profissão regida historicamente pela discrição, tradicionalismo e conservadorismo, deparar-se com um contexto de mídias sociais, marketing, divulgação, promoção, construção de imagem, alcance, feedback etc. não está sendo uma tarefa simples. Até porque existem limitações por parte do Código de Ética e Disciplina da OAB, do Regulamento Geral da OAB e do Provimento 205/2021 no que tange a publicidade da advocacia.
Essa nova realidade também se choca com a natureza reservada do âmbito jurídico, onde existe um zelo com a privacidade. Portanto uma tarefa muito complexa construir uma marca autêntica sem violar princípios éticos da profissão.
O desenvolvimento acadêmico dos advogados normalmente se concentra em aspectos legais. A parte de marketing não é explorada. Sendo assim, embora a vida acadêmica prepare um excelente profissional de Direito, com domínio de leis e técnicas típicas da profissão, não existe um preparo eficaz para um advogado do contexto regido pelas redes sociais, marketing digital e personal brand.
A ausência desses conhecimentos representa um fator crucial para o declínio inicial na carreira, pois evidencia a falta de preparo concreto para lidar com as demandas do cenário atual.
Medo de Avaliações Públicas
O ser humano é um ser subjetivo. Algumas pessoas possuem habilidades naturais de comunicação e não têm dificuldade de explorar os recursos de mídia social. Outras se mostram mais reservadas e preferem não lidar com a exposição. A realidade atual impõe desafios que não são universais, demandando habilidades que nem todas as carreiras abordam.
Estar submetido ao personal brand nas redes, para muitos, significa estar vulnerável a críticas, e isso muitas vezes pode implicar no travamento do processo de criação e consolidação de uma boa marca pessoal em virtude de uma postura defensiva de quem tem dificuldade de lidar com este universo.
Girando a chave
A Advocacia 4.0 e o empreendedorismo se conectam em alguns aspectos, especialmente no que diz respeito à captação de clientes. Esta atividade demanda habilidades como networking e marketing jurídico nos padrões permitidos. O ponto inicial para o desenvolvimento de uma carreira na advocacia hoje é o reconhecimento e aceitação do atual cenário. É inegável que as pessoas estão nas redes, logo o trabalho do advogado deve ser redirecionado para as redes.
O quadro atual exige uma mudança de mentalidade e uma integração consciente no ambiente digital, focalizando na ideia de que a construção da personal brand de um advogado é um passo importante em direção ao futuro da profissão, que abre portas em um mercado saturado.
Este enfoque demandará a incorporação de novas técnicas e capacidades, bem como o aprimoramento de habilidades que, inicialmente, não são abordadas nos estágios iniciais da carreira jurídica. No entanto, a superação desse desafio irá promover posicionamento e credibilidade, que são elementos imprescindíveis para o sucesso do advogado.
Autor
Advogada de 27 anos, pós-graduanda em Direito do Consumidor e as Novas Tecnologias, dentre outras áreas. Atuante na esfera cível, trabalhista e consumerista. Destaca-se pela expertise em privacidade digital, comércio eletrônico, dentre outros assuntos envolvendo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Visualiza o âmbito jurídico como um palco de constantes transformações e entende a crucial importância da informação em um contexto de evolução tecnológica e avanço da inteligência artificial.