Aumento da Complexidade e a Era Digital VUCA
Complexo: S.M. construção composta de numerosos elementos interligados ou que funcionam como um todo.
A definição pura e simples do termo Complexo já nos dá a percepção de muitas coisas simultâneas acontecendo num sistema (todo). E quanto mais coisas e maior a interação entre elas, maior a complexidade do sistema. E quanto maior a complexidade, menos controle e previsibilidade se tem sobre o sistema.
Nessa conceituação sistemas podem ser os mais diversos tipos de cenários e ambientes, como empresas, universidades, cidades, países e o mundo como um todo. Estes cenários formam um conjunto contendo o clima intelectual sociológico e cultural de uma determinada época. A estas características genéricas de um determinado período de tempo denomina-se Zeitgeist.
Da História à Transformação Digital
Ao pesquisar a História detectamos diversos períodos, alguns bem definidos num âmbito global (como Pré-História, Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea) e outros períodos mais específicos em cada região do mundo. Estudar História é justamente entender tanto o Zeitgeist de cada uma dessas épocas quanto os fatores que provocaram a mudança de um período para outro.
O Paleolítico refere-se ao período em que os nossos antepassados começaram a produzir os primeiros instrumentos em pedra lascada e, com isso, deixam de ser caçadores-coletores para criarem as primeiras organizações sociais. Mais à frente a Idade Média conheceu o seu fim quando começaram as mudanças sócio-políticas e religiosas, as Grandes Descobertas, a Revolução Comercial e o progresso cultural e tecnológico. Enfim, sempre que surgem novas tecnologias, estas recriam a realidade ao provocarem um aumento de complexidade.
Enfim a Era Digital
Estes conceitos e exemplos deixam claro que o mundo vai se movendo de transformação em transformação, cada qual com seu rótulo. Desde o final da década de 1990 estamos vivenciando o início de um novo período, o da Transformação Digital. Em princípio essa nova época se inicia de maneira similar às anteriores, ou seja, com tecnologias e comportamentos sociais inovadores. No entanto algo novo marca esse período, e a denominação de Era Exponencial já nos dá pistas do que o diferencia dos demais.
Para se chegar a uma definição coerente, tomou-se emprestado o termo V.U.C.A. surgido no contexto militar dos anos 90. Basicamente esta sigla descreve um ambiente de Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Então podemos afirmar que VUCA é o Zeitgeist deste início de século XXI. Mas vejamos com mais detalhe o que significa cada um dos conceitos.
Afinal o que é VUCA?
V – Volatility (Volatilidade): o mundo atual é dinâmico, veloz, efêmero, impermanente e fluido, ou seja, tudo muda o tempo todo a velocidade muito alta. As soluções para o futuro não podem ser buscadas no passado. Essa característica indica a necessidade de flexibilização e adaptação rápidas.
U – Uncertainty (Incerteza): temos uma disponibilidade imensa de informações, porém elas não necessariamente são úteis para compreender o mundo. Tudo é probabilístico e imprevisível, não se sabe o que pode acontecer. A única certeza é a de que tudo irá mudar, portanto é necessário saber lidar com o inesperado.
C – Complexity (Complexidade): tudo está interligado, interconectado e interdependente, com isso inúmeras variáveis que afetam nosso dia a dia. A conectividade amplia a complexidade e os modelos tradicionais de gestão baseados em causa e efeito não são suficientes para lidar com o número de variáveis desses contextos.
A – Ambiguity (Ambiguidade): as definições absolutas do passado dão lugar a múltiplos pontos de vista, interpretações e possibilidades para analisar os contextos. Não existe mais clareza sobre o significado, a causa e as circunstâncias dos acontecimentos.
Se você está se deparando com estes conceitos pela primeira vez, pode até parecer um tanto assustador. Como afirmou Chris Anderson: “Não estamos em uma época de mudanças, mas em uma mudança de época”. Essa colocação traz à tona o conceito de Tesarac, neologismo que representa aqueles momentos da história em que, tudo o que havia antes não faz mais sentido e tudo o que está por vir é um grande mistério. Isso significa que “estamos todos nus” e precisamos aprender a lidar com esta nova realidade.
Como liderar a Transformação Digital num mundo VUCA?
Comprovadamente a nossa mente linear dificulta a compreensão desse mundo VUCA tipicamente exponencial. Com isso o grande desafio é desenvolver uma visão holística e sistêmica. Obviamente nenhum ser humano sozinho é capaz de ter uma visão tão ampla, dai a necessidade de trabalhar em times multidisciplinares enfatizando a cooperação.
Mas só isso não é o suficiente, também será necessário adotar métodos e processos organizados tanto para entender os novos paradigmas quanto para se chegar a conclusões e tomar decisões. Um mundo mais complexo requer soluções mais simples, por isso é essencial compreender que existem muitas formas de resolver o mesmo problema.
No ambiente empresarial desenha-se um contexto desafiador, competitivo e veloz. As tecnologias transformam os meios de comunicação numa velocidade tão grande quanto os indivíduos transformam seus hábitos e exigências.
Com o aumento da complexidade a dinâmica do mercado mudou radicalmente em todos os sentidos nos últimos 5 anos. Como diz Walter Longo: “essa Era Pós-Digital é como um prédio onde os consumidores estão subindo de elevador e as empresas de escadas”.
Não há outro caminho que não seja o de acompanhar a Transformação Digital desenvolvendo uma mentalidade nova diante desse mundo inesperado que nos arrebatou.
Autor
Sou escritor, produtor de conteúdo e criador de conceitos para o mercado jurídico. Consultor para digitalização e automação na Advocacia. Sou palestrante FENALAW e Autor dos livros “Advocacia e Transformação Digital” e “Presença Digital”. Ao longo dos 15 anos de atuação no Mercado Jurídico adquiri um profundo conhecimento dessa área e desejo ser protagonista na imensa transformação pela qual ela está passando.